Uma ida ao mercado por dia, não sabe o bem que
lhe fazia. As vendedoras acabam com qualquer mau humor. É só não passar por
elas a correr. Os mercados tradicionais, com as suas vendedeiras de cabelos
brancos ou pintados, sotaque carregado com aventais debruados a renda, deviam ser
recomendados como um antídoto obrigatório para quem anda a precisar de alguma
animação. A coisa é mais ou menos assim. Está um dia quente, uma brisa marítima levanta poeira e começa a pensar que nunca devia ter saído de casa. E,
nisto, chega ao mercado. Começa a olhar para as bancas e há logo quem se dirija
a si com um “ó, mor” ou um “ó, querida (o), quer alguma coisinha?”. Se for
daquelas pessoas que se animam facilmente, isto já pode chegar para começar a
melhorar o seu humor.
Aqui, já só mesmo quem tiver
um coração empedernido é que não se sente melhor do que quando estremeceu de
frio ao sair de casa ou apanhou uma forte chuvada pelo caminho. E nem pense que
se vai embora sem ouvir um “volte sempre, ó mor” ou “então, até amanhã”.
É isto que torna estes
mercados especiais. Por mim, deixem-me ir aos mercados todos os dias. Ou, pelo
menos, nos dias em que preciso de algum ânimo. Vai-se mesmo (ainda esperamos,
vamos ver) reabilitar alguns por aí, façam-no em torno destas vendedoras e não
para além delas. Convidem as pessoas a espreitar os mercados. Vão ao mercado
com dez minutos para gastar e saiam de lá com um sorriso. E já sabe: “Ó mor,
volte sempre”.
Remate de torreão circular no ângulo
Sudoeste. O colorido nestes dias é especial e um atractivo inigualável na
região. Considero que “a arte é um veículo para a tolerância. Através da arte a
expressão pessoal é tolerada e somos nós próprios. Todos têm sentimentos
diferentes e formas diferentes de nos expressarmos, vivências pessoais e formas
diferentes de ver o mundo que com a arte ganham vida e comunicação. Só através
das artes conseguimos expressar sentimentos aos outros. Noutras áreas a
expressão pessoal é ignorada”. “Nesta aldeia global cada vez é mais urgente
apelar às artes para chamar ao mundo mais tolerância”. A arte é fundamental
para a educação equilibrada das nossas crianças para que continuem a ser
humanas e eu espero contribuir um pouquinho com estas fotos.
Estes mercados têm uma vida e uma energia muito próprias,
ainda consegue manter a sua magia e encanto.
Nascem coisas boas nestes mercados como flores na
primavera, já sendo um dos meus lugares favoritos deste Algarve. Sinto-me bem
aqui.
Se virmos alguma coisa várias vezes, eventualmente
deixamos de vê-la.
Quando o nosso ambiente se torna demasiado familiar, é
fácil esquecer-mo-nos de apreciá-lo.