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10.8.17

IDA AO MERCADO

Uma ida ao mercado por dia, não sabe o bem que lhe fazia. As vendedoras acabam com qualquer mau humor. É só não passar por elas a correr. Os mercados tradicionais, com as suas vendedeiras de cabelos brancos ou pintados, sotaque carregado com aventais debruados a renda, deviam ser recomendados como um antídoto obrigatório para quem anda a precisar de alguma animação. A coisa é mais ou menos assim. Está um dia quente, uma brisa marítima levanta poeira e começa a pensar que nunca devia ter saído de casa. E, nisto, chega ao mercado. Começa a olhar para as bancas e há logo quem se dirija a si com um “ó, mor” ou um “ó, querida (o), quer alguma coisinha?”. Se for daquelas pessoas que se animam facilmente, isto já pode chegar para começar a melhorar o seu humor.
Com mais cinco minutos para gastar, a mulher de peito farto e mãos nas ancas já deve estar a dizer-lhe como cresceu ali mesmo, enquanto a mãe ou a avó, também vendedoras naquele espaço, atendiam clientes. Já cá estou há 20 anos, há 30, há 40, há 50, dir-lhe-ão e a seguir a isto só podem vir boas histórias.
Aqui, já só mesmo quem tiver um coração empedernido é que não se sente melhor do que quando estremeceu de frio ao sair de casa ou apanhou uma forte chuvada pelo caminho. E nem pense que se vai embora sem ouvir um “volte sempre, ó mor” ou “então, até amanhã”.
É isto que torna estes mercados especiais. Por mim, deixem-me ir aos mercados todos os dias. Ou, pelo menos, nos dias em que preciso de algum ânimo. Vai-se mesmo (ainda esperamos, vamos ver) reabilitar alguns por aí, façam-no em torno destas vendedoras e não para além delas. Convidem as pessoas a espreitar os mercados. Vão ao mercado com dez minutos para gastar e saiam de lá com um sorriso. E já sabe: “Ó mor, volte sempre”.
Remate de torreão circular no ângulo Sudoeste. O colorido nestes dias é especial e um atractivo inigualável na região. Considero que “a arte é um veículo para a tolerância. Através da arte a expressão pessoal é tolerada e somos nós próprios. Todos têm sentimentos diferentes e formas diferentes de nos expressarmos, vivências pessoais e formas diferentes de ver o mundo que com a arte ganham vida e comunicação. Só através das artes conseguimos expressar sentimentos aos outros. Noutras áreas a expressão pessoal é ignorada”. “Nesta aldeia global cada vez é mais urgente apelar às artes para chamar ao mundo mais tolerância”. A arte é fundamental para a educação equilibrada das nossas crianças para que continuem a ser humanas e eu espero contribuir um pouquinho com estas fotos.

Estes mercados têm uma vida e uma energia muito próprias, ainda consegue manter a sua magia e encanto.


Nascem coisas boas nestes mercados como flores na primavera, já sendo um dos meus lugares favoritos deste Algarve. Sinto-me bem aqui.
Se virmos alguma coisa várias vezes, eventualmente deixamos de vê-la.
Quando o nosso ambiente se torna demasiado familiar, é fácil esquecer-mo-nos de apreciá-lo.